Uma pergunta recebida por correio electrónico:
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“(…) gostaria de saber o motivo pelo qual vejo tantas fotografias de corujas a caçarem de dia, noutros países, e em Portugal nunca testemunhei essa actividade, vejo-as exclusivamente durante a noite?”
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Aqui fica um pequeno comentário sobre o assunto:
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As aves de rapina nocturnas, tal como o seu nome indica, possuem hábitos essencialmente nocturnos, ou seja, a maior parte das espécies deste grupo concentra o seu pico de actividade durante os crepúsculos e período nocturno, reservando o dia para descansar. Existem, no entanto, algumas espécies que se podem encontrar activas, tanto durante o dia como de noite. É exemplo disso a coruja-do-nabal (Asio flammeus), que não só é considerada a rapina nocturna com ocorrência em Portugal com hábitos mais diurnos, como a mais diurna das rapinas nocturnas do Paleárctico Ocidental.
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No caso das espécies que ocorrem nas regiões norte do Hemisfério Norte, não têm outra hipótese senão estarem activas durante o dia, já que as noites são curtas ou praticamente inexistentes durante o Verão (Verão Boreal). No Inverno, para além da escassez de alimento, as condições meteorológicas rigorosas podem levar a que os indivíduos não consigam caçar, durante dias seguidos, tendo que aproveitar os momentos mais amenos para caçar, quer seja de dia ou noite.
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Durante a época reprodutora, a actividade diurna poderá aumentar, mesmo nas espécies essencialmente crepusculares e nocturnas, devido à maior necessidade de alimento, principalmente quando se encontram a alimentar crias. Também durante este período é possível observar os adultos, durante o dia, a repousar em locais expostos, muitas vezes para vigiarem as crias que ainda se encontram no ninho, ou perto dele mas também para tomarem “banhos de sol”, uma actividade que faz parte do preening.