A Importância da Recolha e Análise das Egagrópilas

As rapinas nocturnas possuem dietas muito diferentes, consoante a espécie, podendo variar, consideravelmente, de lugar para lugar e em cada estação do ano. Compreender as alterações na dieta destas espécies tem vindo a demonstrar-se uma ferramenta fundamental para conhecer a ecologia, e até alguns problemas de conservação das mesmas, daí a importância no estudo das egagrópilas.

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Bufo-real, coruja-do-mato, coruja-das-torres, bufo-pequeno, coruja-do-nabal, mocho-galego, mocho-d’orelhas (esq.>dir.).

As egagrópilas encontram-se debaixo dos locais de nidificação e de pouso frequentes (fig. 2), sendo fáceis de encontrar, uma vez que são produzidas após cada refeição; para além disso persistem no tempo, demorando a degradar-se na natureza e são um método de estudo não-invasivo, permitindo obter importantes informações a respeito da ecologia das diversas espécies de rapinas nocturnas.

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Fig. 2 – Aspecto do solo num local de pouso frequente de um indivíduo de coruja-das-torres.

O estudo das regurgitações das aves de rapina nocturnas permite obter resultados bastante interessantes relativamente à sua dieta, uma vez que podem conter esqueletos inteiros das suas presas e, também, acerca das espécies de micromamíferos presentes na área de caça de cada espécie (fig. 3); por vezes ocorrem situações em que são detectadas espécies de micromamíferos em egagrópilas que não tinham sido ainda registadas, num determinado local, através de outros tipos de estudos.

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Fig. 3 – Material recolhido de algumas egagrópilas de uma coruja-das-torres.

Existem, até, registos, em egagrópilas, da presença de anilhas de aves que foram consumidas (fig. 1), o que proporciona informação adicional a respeito dos padrões migratórios de algumas aves, principalmente passeriformes.