Fisiologia e Anatomia: Alimentação

As rapinas nocturnas são carnívoras¹. Algumas espécies tornam-se especialistas em determinado tipo de presa, sendo que, muitas vezes, este factor está relacionado com a abundância e/ou a maior ou menor dificuldade existente na captura dessas mesmas presas. A dieta destas aves varia com a espécie, habitat e estação do ano e inclui invertebrados (insectos, aranhas, minhocas, lesmas e caranguejos), peixes, répteis, anfíbios, aves e pequenos mamíferos. Sendo predadoras, as aves de rapina nocturnas têm de capturar e matar as suas presas para poderem sobreviver.

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Os mochos de pequenas dimensões, como o mocho-d’orelhas (Otus scops) e o mocho-galego (Athene noctua), alimentam-se essencialmente de insectos, podendo também abranger, na dieta, anfíbios e pequenos répteis e mamíferos.

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Já as corujas de médias dimensões, como a coruja-das-torres (Tyto alba), a coruja-do-mato (Strix aluco), bufo-pequeno (Asio otus) e coruja-do-nabal (Asio flammeus), alimentam-se, essencialmente, de pequenos mamíferos, como roedores, embora também possam comer insectos, répteis, anfíbios e pequenas aves.

Por outro lado, a espécie de maior porte, o bufo-real (Bubo bubo), tende a alimentar-se de presas maiores, como mamíferos de pequeno e médio porte (ratos, ratazanas, lagomorfos e carnívoros), aves de tamanho médio e, com menor frequência, aves de rapina, répteis, anfíbios, peixes e cadáveres.

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Em tempos de abundância, as rapinas nocturnas podem armazenar comida excedente em esconderijos ou no próprio ninho.

Os métodos de caça variam conforme a espécie e o tipo de presa. Estes podem alternar entre a captura de insectos, realizada em pleno voo, ou, no caso de presas como os pequenos mamíferos, o perscrutar do terreno a partir do ar ou de um pouso relativamente próximo do solo – assumindo a audição um papel relevante em todo este processo -, a que se segue uma investida, rápida e silenciosa, em direcção à presa, sendo esta capturada com as garras. Por não poderem mastigar o seu alimento, as aves de rapina nocturnas ingerem as suas presas inteiras, ou em partes, fazendo-as chegar de imediato ao estômago. As partes não digeridas (ex: pêlo, ossos, dentes e penas) são regurgitadas sob a forma de uma massa ovóide. A esta regurgitação dá-se o nome de egagrópila ou plumada.

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¹ Entre todas as espécies de rapinas nocturnas existentes, 53% são insectívoras. (Heimo Mikkola, Owls of the World, Second Edition, Christopher Helm, London, 2013.)

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