Fisiologia e Anatomia: Visão

As aves são os vertebrados com a visão mais apurada, sendo este o sentido mais desenvolvido na maior parte das espécies, com capacidade de percepção de espectros de luz que não são detectáveis para outros animais, como é o caso do homem, apesar de existirem muitas semelhanças entre os olhos das aves e dos mamíferos.

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As aves de rapina nocturnas são das espécies que apresentam melhores capacidades visuais, por serem aves predadoras. No entanto, não é apenas na obtenção de alimento que a visão é essencial, sendo muito relevante no voo, para que este seja eficaz e seguro, mesmo a grandes velocidades, permitindo que a ave consiga detectar obstáculos. Os olhos são de grandes dimensões, comparando com o tamanho da cabeça e do resto do corpo, podendo ser, nalgumas espécies, maiores do que os de um homem adulto. Em conjunto, os olhos são geralmente maiores do que o próprio cérebro. Esta grande dimensão dos olhos permite uma maior projecção das imagens na retina, cerca de 2,5x mais que no homem, contribuindo para uma maior acuidade visual. Ao contrário da maior parte das aves, as rapinas nocturnas apresentam uma área de córnea grande, relativamente ao tamanho do resto do globo ocular.

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Mocho-galego.

Ao contrário do que se possa pensar, as aves de rapina nocturnas não conseguem ver em condições de ausência total de luz, mas estas aves evoluíram no sentido de conseguirem detectar estímulos luminosos muito reduzidos, o que permite a sua actividade durante a noite. Durante o dia, a visão também é excelente e conseguem detectar cores.

As rapinas nocturnas têm uma extraordinária visão binocular, devido à estrutura tubular dos seus olhos, que funcionam em conjunto e direccionados frontalmente, conseguindo assim um campo binocular de 60-70º. No entanto, o campo de visão, com apenas 150º, é reduzido e corresponde a cerca de metade do que ocorre num pombo. Nesta e noutras aves, com olhos alojados mais lateralmente na cabeça, há um menor arco de visão binocular frontal (cerca de 25º), mas há uma maior área de visão para cima, para os lados e até para trás, o que se torna vantajoso para detectar a aproximação de predadores.

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Coruja-do-mato (juvenil).

A estrutura tubular torna os olhos das rapinas nocturnas numa espécie de telescópio que, nalgumas situações de grande proximidade, em relação ao alvo, tem dificuldades em fazer a focagem de forma rápida, sendo por isso que, por vezes, as aves se têm que afastar momentaneamente de uma presa morta ou ainda ferida, antes de a atacarem novamente ou de a comerem.

Nas rapinas nocturnas há excelentes capacidades de determinação da distância e detecção dos movimentos das presas, num grande campo de visão que é criado pela possibilidade de movimentos rotacionais de quase 360º da cabeça, que compensa a falta de mobilidade dos olhos.

 

Estas aves podem virar a cabeça até 270 graus para a esquerda ou para a direita, desde a posição frontal, mas não podem fazer um círculo completo, como é crença comum. Há várias adaptações anatómicas que permitem esta mobilidade:

– Pescoço com 14 vértebras – o dobro dos humanos.

– Uma única articulação occipital com as vértebras cervicais, enquanto que os humanos apresentam duas. A estrutura muscular contribui para o movimento rotacional apoiado num só eixo.

– Estruturação das veias jugulares e vascularização associada que garante que o fluxo sanguíneo não é alterado durante o movimento rotacional. (Fonte: The Owl Pages.)